Exposição individual de Ruiz ferrándis no sECRETARIADO NACIONAL DE INFORMAÇÃo (1949)
Tal como nas exposições que Ruiz Ferrándis levou às cidades de Lisboa e Porto no ano anterior, o catálogo[1] da exposição realizada no Secretariado Nacional de Informação em 1949 foi composto por:
- "Originais": Tarde de labores (n.1); Agua benta (n.2); Tipo valenciano (n.3); Lanchas no porto (São Sebastião) (n.4); Lanchas (São Sebastião) (n.5); A zurriola (São Sebastião) (n.6 e n.7); Chão molhado (São Sebastião) (n.8); Porto de Guetaria (n.9); Chão molhado (São Sebastião) (n.10); Rincão do Retiro (Madrid) (n.11); Rua de Guetaria (n.12); Estuario do Tejo (Lisboa) (n.13 e n.14); Jardim do Estoril (n.15 e n.16); Boca do Inferno (Cascais) (n.17); Lavadeiras de Leça (n.18); Contemplação (n.19); Contraluz (n.20); Pensativo (n.21); O arroio (n.22); Chão molhado (Porto) (n.23); Rincão típico (Porto) (n.24); Rua do Porto (Porto) (n.25); Noite de luar (n.26); Neve na serra (n.27); De regresso ao lar (n.28); Um clarão no bosque (n.29); O desfiladeiro (n.30); Ponte de São Martin (Toledo) (n.31); Velha rua Segoviana (n.32); ¿Falsa? (n.33); O arroio (n.34); Flores (n.35 a n.43); Cravos (n.44); Inverno (n.45); Primavera (n.46); Cantinho de leitura (n.47); Entardecer (Fuenterrabía) (n.48); Festa brava (n.49); Inverno (n.50); ...E o conto acabou-se (n.51); Jardim (n.52); Ao amor da lareira (n.53); Paisajem (n.54); Amanhecer (Pasajes) (n.55); Dia de chuva (Valencia) (n.56); Pintando o barco (n.57); Cumprindo a promessa (n.58); Entardecer (Guetaria) (n.59); Estuário do Tejo (Lisboa) (n.60);
- "Reproduções": «O barbeiro de Sevilha» de A. Ferrant (n.61); «Confissão no povo de Assis» de J. Benlliure (n.62); «A benção da mesa» (n.63); «A vendedeira de frutos» de Franz Sniders (n.64); «Jantar no bosque» de Watteau (n.65); «Por a Pátria» de J. Benlliure (n.66); «A taberna da aldeia» de David Teniers (n.67); «Porta de Damasco» (n.68); «Lendo algo alegre» de E. Gatzner (n.69); «O guarda burlado» de Wiliams Strutt (n.70).
Em Novembro de 1949, nas páginas de La Nueva España[2], Adolfo Lizón, seu correspondente em Lisboa, informou o público espanhol da recente despedida de quatro pintores valencianos – Luis Colomina Domingo, Amparo Palacios Escrivà, Francisco Ruiz Ferrándis e Fernando Escrivà –, que terá sido festejada numa adega do Bairro Alto, em Lisboa. A despedida significava o regresso destes artistas a Espanha, depois de meses de exposições contínuas “en todo Portugal”: “Fué una verdadera invasión. (...) Pues sabes, lector, ¿cuantos pintores valencianos habitaban la capital portuguesa? Nada menos que siete”. Para além dos quatro mencionados, de Ricardo Navarro Poves - que, de acordo com o artigo de Lizón de Julho, estaria a expôr em Lisboa nesse verão -, e de José Antonio Molina Sánchez, não sabemos a que outro pintor se refere.
Não foi encontrada a data da exposição de Francisco Ruiz Ferrándis no S.N.I. em 1949, no entanto, a referência à sua despedida de Portugal em Novembro de 1949 estabelece um limite máximo para a sua estadia.
De acordo com Lizón, os quatro artistas citados, a quem “la flor de la sociedad, el arte y las letras de Lisboa” ofereceu esta homenagem, realizaram em Portugal “veinte exposiciones, pintaron cincuenta retratos, vendieron cien cuadros”, dados que contrastam com as exposições registadas – de Ruiz Ferrándis, de Colomina Domingos em Junho, de Amparo Palacios Escrivà e Fernando Escrivà em Julho, e de Ricardo Navarro Poves. Segundo o redator, os salões do Secretariado Nacional de Informação teriam estado ininterruptamente ocupados com as exposições destes artistas durante meio ano. Na imprensa portuguesa, “las plumas más prestigiosas les dedicaron continuamente elogios, y en ruas y mentideros lisboetas se hablaba con admiración de estos cuatro valencianos (...)”.
Para Lizón, com a partida do núcleo principal de representação artística valenciana, Lisboa teria ficado “orfã” de uma arte comovedora e carinhosamente espiritual, já consagrada pela crítica “de toda la peninsula”. E o redator concluiu com a certeza de que o êxito alcançado em Portugal por estes pintores valencianos elevou o prestígio da pintura espanhola no “vecino” e “fraterno país”.
[1] Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo, ed., Exposição de Ruiz Ferrandis: miniaturas: pequenos óleos (Lisboa: S.N.I., 1949).
[2] Adolfo Lizón, «Cuatro pintores valencianos gloriosamente victoriosos en Portugal», La Nueva España, 20 de Novembro de 1949, 3.