exposição de luis colomina domingo na sociedade nacional de Belas artes, lisboa (16.6.1949-26.6.1949)
A exposição do pintor Luis Colomina Domingo na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, decorreu entre os dias 16 e 26 de Junho de 1949[1].
Obras expostas:
- “Pintura”: Aramis (n.1); Amanhecer (Valencia) (n.2); Costura (n.3); Nocturno chuvoso (n.4); Despedida (n.5); Espantalho (n.6); Cigana (n.7); Arando (n.8); Porto (Mallorca) (n.9); Menina ao sol (n.10); Catedral (Burgos) (n.11); Regresso da pesca (n.12); Rua do povo (n.13); Naturezas mortas (n.14 a n.18); Barca (n.19); Sol de tormenta (n.20); A avó e a neta (n.21); Retrato de minha mulher (n.22); Nuvens vermelhas (n.23); Postes e andorinhas (n.24); Três notas (n.25); A hora da sesta (n.26); Marinha (Ibiza) (n.27); Oliveiras (n.28);
- “Baixos-relevos em terra-cota”: Don Quixote e Sancho Panza (n.1); Don Quixote e Sancho Panza (n.2); Recolhendo o arroz (n.3); Recreio no jardim (n.4); Amor e música (n.5); Don Quixote no leito (n.6); Viados (n.7); Campeste (n.8) («Campestre»?); Pastoral (n.9); Tecedeiras (n.10); Maria Antonieta (n.11); Recreio (n.12); Lenhadores (n.13); Na adega (n.14); Cabeça de senhora (n.15); Os pequenos músicos (n.16); Virgem da cadeira (cópia) (n.17).
Adolfo Lizón, correspondente do jornal asturiano La Nueva España em Lisboa, escreveu no prefácio do catálogo:
“Presentar a Luis Colomina Domingo en Lisboa resulta perfectamente innecesario. Pero recordar sus laureles, todavía fragantes, no. (...) Todo hombre aunque sea muy ilustre y la vida le haya dado un insistente esplendor, recuerda siempre una época dorada, (...). Eso significa Lisboa para el espléndido artista valenciano Colomina Domingo.
Segundo este catálogo, a exposição de Colomina Domingo resultou da passagem do pintor por Lisboa a caminho da Argentina, onde teria sido convidado pelo Governo para celebrar diversas exposições. Em Lisboa, o pintor quis mostrar os seus trabalhos mais recentes, entre os quais as terracotas, uma “rara sorpresa” apresentada pela primeira vez. Lizón relembra o leitor da exposição de Colomina Domingo celebrada no Palácio Foz (Secretariado Nacional de Informação, Lisboa) no ano anterior, cuja inauguração contou com o Ministro da Educação Nacional (Fernando Pires de Lima) e cujo êxito converteu o pintor “en el pintor de moda. Y retratando a la aristocracia y a las damas más bonitas de Lisboa, (...) vivió dias inolvidables. Por fim, o autor refere o Retrato da Viscondessa de Carnaxide (presente na exposição de 1948 com o n.2 do catálogo) como uma das melhores obras que Colomina Domingo “deixou” em Lisboa em 1948.
Em Julho de 1949, Adolfo Lizón informou o público espanhol, através das páginas de La Nueva España[2], que cinco pintores valencianos se encontravam a pintar e a expôr em Lisboa, sendo eles José Antonio Molina Sánchez, Ricardo Navarro Poves, Luis Colomina Domingo, Fernando Escrivà e Amparo Palacios Escrivà. Segundo o redator, Colomina Domingo e Fernando Escrivà (e portanto, Amparo Palacios Escrivà) teriam exposto em simultâneo (a exposição de Colomina Domingo foi inaugurada em Junho e a do casal Escrivà em Julho), artistas a quem se teria oferecido um banquete, dado o seu “éxito indiscutible”. A comissão organizadora destas exposições seria composta pelo embaixador de Espanha em Portugal (Nicolás Franco), Eugenio Montes (diretor do Instituto Espanhol de Lisboa) e o coronel Medrano, entre outros “de inferior categoria”.
O banquete realizou-se no Bairro Alto lisboeta, foi presidido pela mulher de Nicolás Franco, María Isabel Pascual del Pobil y Ravello, e contou com a presença de Nicolás Franco, a Viscondessa de Carnaxide, o coronal Medrano e meia centena de participantes. No seu decorrer, Humberto II de Itália juntou-se ao banquete, acompanhado da princesa de Belmonte e de Rodolfo Graziani: “Todos los convidados, casi por completo españoles, dieron, puestos en pie, un estentóreo viva a Italia (...)”.
Em Novembro de 1949, Lizón, nas páginas do mesmo periódico[3], informava o público espanhol da recente despedida de quatro pintores valencianos – Luis Colomina Domingo, Amparo Palacios Escrivá, Francisco Ruiz Ferrandis e Fernando Escrivá –, que terá sido festejada, mais uma vez, numa adega do Bairro Alto, em Lisboa. A despedida significava o regresso destes artistas a Espanha, depois de meses de exposições contínuas “en todo Portugal”: “Fué una verdadera invasión. (...) Pues sabes, lector, ¿cuantos pintores valencianos habitaban la capital portuguesa? Nada menos que siete”. Para além dos quatro mencionados, de Ricardo Navarro Poves - que, de acordo com o artigo de Lizón de Julho, estaria a expôr em Lisboa nesse verão -, e de José António Molina Sánchez, não sabemos a que outro pintor se refere.
De acordo com Lizón, os quatro artistas citados, a quem “la flor de la sociedad, el arte y las letras de Lisboa” ofereceu esta homenagem, realizaram em Portugal “veinte exposiciones, pintaron cincuenta retratos, vendieron cien cuadros”, dados que contrastam com as exposições registadas – de Ruiz Ferrándis, de Colomina Domingos em Junho, de Amparo Palacios Escrivá e Fernando Escrivá em Julho, e de Ricardo Navarro Poves. Segundo o redator, os salões do Secretariado Nacional de Informação teriam estado ininterruptamente ocupados com as exposições destes artistas durante meio ano. Na imprensa portuguesa, “las plumas más prestigiosas les dedicaron continuamente elogios, y en ruas y mentideros lisboetas se hablaba con admiración de estos cuatro valencianos (...)”.
Para Lizón, com a partida do núcleo principal de representação artística valenciana, Lisboa teria ficado “orfã” de uma arte comovedora e carinhosamente espiritual, já consagrada pela crítica “de toda la peninsula”. E o redator concluiu com a certeza de que o êxito alcançado em Portugal por estes pintores valencianos elevou o prestígio da pintura espanhola no “vecino” e “fraterno país”.
[1] Luis Colomina Domingo, Exposição do pintor espanhol Luis Colomina Domingo: catálogo (Lisboa: Oficina Gráfica, 1949).
[2] Adolfo Lizón, «Cinco pintores españoles triunfan en Lisboa», La Nueva España, 14 de Julho de 1949, 3.
[3] Adolfo Lizón, «Cuatro pintores valencianos gloriosamente victoriosos en Portugal», La Nueva España, 20 de Novembro de 1949, 3.