exposição de francisco ruiz ferrandis no salão silva porto, porto (12.1948)
A 11 de Dezembro de 1948[1], Francisco Ruiz Ferrándis inaugurou uma exposição de miniaturas no Salão Silva Porto. O catálogo desta exposição não foi localizado, no entanto, sabemos, através de um artigo anónimo publicado no periódico O Commercio do Porto, que o Salão Silva Porto expôs nove telas originais e vinte e sete reproduções de Ruiz Ferrándis, que correspondem às obras que não foram vendidas após a exposição na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, no mês anterior.
A referência que o autor deste artigo faz a algumas obras permite inferir a sua presença na exposição portuense. Enquanto a obra Cessou a chuva, indicada com o n.9 do catálogo, assinala a “presença dum mestre, entre outros de elevado mérito”, as reproduções de quadros célebres são igualmente apreciadas, por “tão nobremente” honrarem e dignificarem a pintura espanhola: para o autor, a delicadeza da execução da reprodução de A lição de poesia de A. Simonetti “seduz e enleva o espírito”, tal como O primeiro desgosto, reprodução de uma gravura original do artista; além disso, o autor destaca a “beleza exótica”, do colorido “de extrema riqueza e sabor oriental” presente na reprodução da obra Café Mouro em Túnez de J. Benlliure, e na reprodução de Despojos de guerra, de J. Gallego.
No geral, classifica o certame como “uma muito curiosa exposição de óleos em miniatura, em que o artista espanhol Ruiz Ferrándis afirma uma forte personalidade e méritos incontestáveis”: “Nos trabalhos de Ruiz Ferrándis o que avulta é o estilo pessoal do autor, a sua técnica apurada e a sua sensibilidade requintada”. E conclui: “Ruy (lapso no nome) Ferrándis, que pela primeira vez nos visita, é, apreciado, embora, através de tão reduzido mostruário da sua arte (...)”.
No Jornal de Notícias[2], um autor identificado pelas siglas M.P., classificou Ruiz Ferrándis como um dos “grandes miniaturistas”, dada a excelente técnica e fidelidade demonstradas tanto nas reproduções de obras de “mestres consagrados” como nas suas obras originais: "Se nos assuntos originais o artista revela um alto poder de técnica atingindo uma perfetibilidade raras vezes igualada sem se diminuir com a profusão de detalhes harmonizando-se em admirável conjunto, nas reproduções dos mestres, da mais diversa personalidade, a fidelidade do caráter impõe-se como consequência do conhecimento, do estudo e da observação penetrante".
Graças ao talento do artista espanhol, a coleção de óleos que estavam expostos formava um “notável museu miniatural”, uma atividade que era, para o redator, “uma das mais difíceis modalidades da pintura” dado que a miniatura, para “tornar-se aliciante e atrativa”, necessitava de exprimir-se com maior clareza e precisão, de forma a obter os mesmos “efeitos pictóricos obtidos nos grandes quadros”.
No que diz respeito aos originais de Ruiz Ferrándis, M.P. destaca Eucaliptos, Fiandeiras Maiorquinas e Cessou a chuva (n.9). Das reproduções, distingue as de Goya (Maja vestida e Maja nua), Velázquez (A Rendição de Breda e As Meninas), Pradilla (D. Joana A Louca e A Rendição de Granada), Franz Halls (O Alegre bebedor), Herring (Uma Refeição acanhada), Rubens (Ninfas perseguidas por sátiros), A. Simonetti (A Lição de Poesia) e de J. Gallego (Despojos de Guerra).
[1] Anónimo, «A exposição de miniaturas do pintor espanhol Ruiz Ferrandis», O Commercio do Porto, 13 de Dezembro de 1948, 6.
[1] M.P., «Exposição de Oleos em miniatura de Ruiz Ferrandis», Jornal de Notícias, 13 de Dezembro de 1948, 5.