Exposição de José Antonio Molina Sánchez no Secretariado Nacional de Informação, Lisboa (10.1948)
Em Outubro de 1948, José Antonio Molina Sánchez expôs no estúdido do Secretariado Nacional de Informação, em Lisboa[1].
Obras expostas (valores indicados em escudos)[2]:
A rapariga da guitarra (n.1, 2.000$); A viagem (n.2, 1.600$); Torerillo (n.3, 1.500$); Toureiro (n.4, 1.500$); Mulher perante o espelho (n.5, 1.000$); Tamborileiros (n.6, 1.000$); Repouso (n.7, 1.000$); Anjos (n.8, 900$); Coitado (n.9, 900$); Anjos (n.10, 900$); Tobias e o arcanjo (n.11, 800$); Tema popular (n.12, 800$); A notícia (n.13, 800$); Descanso (n.14, 800$); A fonte (n.15, 800$); Anjo (n.16, 800$); Guitarrista (n.17, 700$); El gaucho (n.18, 700$); A pirueta (n.19, 700$); Os dois amigos (n.20, 700$); A morte e a donzela (n.21, 700$); Villancico (n.22, 700$); O filho pródigo (n.23, 700$); O leitor (n.24, 600$); O vendedor de quadros (n.25, 600$); Pancadaria (n.26, 600$); Cena da Paixão (n.27, 600$); Justiçado (n.28, 600$); Açoitado (n.29, 500$); O pintor (n.30, 500$); O cativo (n.31, 500$); O Guitarrista (Colecção da Excelentíssima Senhora D. Maria Lucília Leoni) (n.32); O violinista (Colecção do Excelentíssimo Senhor Doutor Fernando Tavares de Carvalho) (n.33); A Sede (Colecção do Excelentíssimo Senhor Pedro Bom) (n.34); Virgem louca (Colecção do Excelentíssimo Senhor D. Adolfo Lizón) (n.35).
No prefácio do catálogo da exposição, Molina Sánchez é definido como “anti-académico”, não por “seguir uma moda do seu tempo, mas porque assim o exigem os seus mestres em pintura, dissidentes e católicos como ele”. O pintor, ao procurar a inovação plástica – “uma nova maneira de fazer” – que é exigida pelo tempo presente, transforma a sua “desconformidade romântica” em “católica resignação”. Os seus “anjos”, uma temática frequentemente explorada pelo pintor, “são boémios, mendigos e acordeonistas das valetas, e os seus toureiros maltratados e desastrados (...). Por isso, ao fazer o censo de personagens deste pintor da resignação boémia católica, nunca se sabe onde começa o anjo e onde acaba o mendigo”. Citando o historiador Camon Aznar, o autor refere a “expressão resignada” das personagens de Molina Sánchez, onde reconhece ainda uma “delicada tristeza sorridente”: “Por vezes esquecendo a sua candura religiosa, antes de se entregarem definitivamente nas mãos do Bom Deus, fazem uma grotesca pirueta para se rirem pela última vez do mundo”.
Como indica o prefácio do catálogo, esta exposição de Molina Sánchez em Lisboa surge na sequência das suas exposições em Santander, Barcelona, Burgos e Madrid.
[1] Margarida Acciaiuoli, «Os anos 40 em Portugal. O país, o regime e as artes. “Restauração” e “celebração”» (Doutoramento, Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 1991).
[2] Exposição do pintor espanhol Molina Sánchez (Lisboa: Secretariado Nacional de Informação, 1948).