exposição de rafael sanchis yago no secretariado nacional de informação, lisboa (3-4.1947)
Catálogo[1]:
- “Retratos”: Sua Excelência o Generalíssimo Francisco Franco Bahamonde (n.1); Sua Excelência o Embaixador de Espanha D. Nicolas Franco Bahamonde (n.2); Exm.ª Senhora de Franco (n.3); S. A. R. o Conde de Barcelona (n.4); S. A. R. a Condessa de Barcelona (n.5); S. Ex.ª o Embaixador D. Alejandro Padilla y Bell (n.6); Exm.ª Senhora de Padilla (n.7); Exm.ª Senhora de Serrano Suñer (n.8); Exm.ª Senhora de Bau (n.9); Doña Consuelo Yago (n.10); Exm.ª Senhora de António Sousa Lara (n.11); Exm.ª Senhora de Valera (n.12); Exm.ª Senhora de Carpi (n.13); Mrs. John Fell (n.14); Señorita Meli Rubio Cordón (n.15); Señorita Elina Mas (n.16); Exm.ª Senhora D. Maria Dolores Santa Cruz (n.17); Jovem peruana (n.18); Exm.º Senhor Ruy da Câmara Pina (n.19); Mr. D. Stewart Iglehart (n.20); Exm.º Senhor Filipe Sassone (n.21); Exm.º Senhor Nicolas Franco P. del Pobil (n.22); «Estúdio en gris» (n.23);
- “Óleos”: Sol da tarde na Maimona (Montanejos) (n.24); Sol da manhã (El Mijares) (Montanejos) (n.25); Barranco da Maimona (Adelfas) (Montanejos) (n.26); Montanejos (n.27); Viela (Montanejos) (n.28); Convento do Carmo (Valencia) (n.29); Estudo contra luz (Montanejos) (n.30); Agulhas de Santa Águeda (Benacasim) (n.31); Parreira (Benicasim) (n.32).
O catálogo desta exposição apresenta o pintor valenciano como integrante da Real Academia de Belas Artes de São Carlos de Valência, instituição da qual foi catedrático e diretor[2].
Reynaldo dos Santos, enquanto Presidente da Academia Nacional de Belas Artes, escreveu no prefácio do catálogo desta exposição, que as obras trazidas pelo pintor compreendiam “uma coleção de retratos em que toda a arte da modelação e subtileza de valores se confiam a uma matéria fluída contornada por linhas que vibram como as cordas duma viola de amor”. O presidente da Academia Nacional de Belas Artes refere a preferência cromática do artista pela “visão monocroma da sépia”, uma escolha que confere aos seus desenhos “distinção, nobreza e uma fidelidade de captação do modelo que nisso reside certamente um dos segredos do seu prestígio de retratista”.
De seguida, saluda o sucesso do artista na prática retratística, que considera ser
um dos meios mais difíceis e mais ingratos de traduzir a beleza e o caráter das formas, porque na paisagem todas as transposições são permitidas dentro do impressionismo e mesmo para além do impressionismo, sem que a natureza proteste ou se sinta traída... Mas no retrato o artista debate-se com exigências interessadas ou contraditórias – da família e do retratado, que sonham com imagens lisonjeiras – e da crítica, que procura, acima de tudo, personalidade na interpretação e no estilo.
Para Reynaldo dos Santos, o talento de Sanchis Yago no retrato não se resume à “transposição das formas”, nem ao “contraste da luz e das sombras que revelam a personalidade do artista”, mas sim à “fidelidade quase fotográfica do desenho e a doçura dos tons que dissolvem os contornos em franjas de bruma rósea. Por vezes o retrato parece concebido na visão da miniatura, sem perder na ampliação a delicadeza da minúcia”. E conclui: “Dentro dos conceitos estéticos da nossa época, Sanchis Yago não é, nem quer ser um modernista, é antes na fidelidade da sua retina e na destreza hábil do seu lápis que reside a essência do seu gosto e da sua arte”.
Marquês de Lozoya (Juan de Contrenas y López de Ayala), Director General de Bellas Artes de Espanha, contribuiu igualmente para o prefácio deste catálogo, onde elogiou o pintor Sanchis Yago, cujos desenhos “demonstram-nos quão certeira é na expressão do traço, a mão dos artistas valencianos”, pois “nem tudo em Valência é cor e luminosidade”, já que “sob as manchas coloridas dos mais atrevidos pintores do sol e da luz, como Sorolla, permanece a sólida construção interna que faz com que as figuras se movam num ambiente exato”. Para ele, o pintor teria chegado “no desenho ao máximo a que se pode chegar”. Comparando-o com Goya – “Goya disse: «dêem-me um pedaço de carvão e eu lhes farei um quadro» – informa que o pintor “somente com o seu lápis chegou a soluções de extraordinária força, que têm todo o valor de uma pintura a óleo”. E termina: “Sobre o forte modelado a finura do temperamento do pintor dá ao seu traço tal elegância, que imprime às suas criações uma singular delicadeza. Sanchis Yago é, além disso, um grande retratista de mulheres, pois ninguém como ele sabe captar os subtis matizes da alma feminina”.
[1] Secretariado Nacional da Informação, Exposição da obra do pintor espanhol Rafael Sanchis Yago da Real Academia de Belas Artes de S. Carlos de Valencia (Lisboa: SNI, 1947).
[2] Joan Feliu Franch, «Rafael Sanchis Yago», Real Academia de la Historia (website), 2018, https://dbe.rah.es/biografias/71631/rafael-sanchis-yago.